domingo, 25 de março de 2012

A abordagem familiar na Obesidade Infantil





Melhor maneira de fazer criança emagrecer é emagrecer junto

Portal G1- Ciência e Saúde
 Em 17 de Março de 2012.




Em estudo norte-americano publicado pela revista Obesity, analisou hábitos das famílias de crianças com entre oito e 12 anos que estavam acima do peso. 80 famílias participaram de um programa de emagrecimento dividido em dois grupos: um envolvia os pais e as crianças e o outro somente os pais. Três formas de atuação dos pais na perda de peso foram observadas: as mudanças na alimentação da casa, os métodos usados para incentivar os filhos e o comportamento dos próprios pais durante a dieta. Ao fim da análise, só um fator se mostrou realmente significativo: quando os pais emagrecem, aumenta a chance de que os filhos percam peso.
No Brasil, estudos epidemiológicos constataram excesso de peso em 40,6% da população adulta e, na faixa etária pedi­átrica, prevalência de excesso de peso entre 10,8 e 33,8% em diferentes regiões. Considera-se que a obesidade na infância e adolescência esteja diretamente relacionada à obesidade na fase adulta, pois cerca de 50% de crianças obesas aos seis meses e 80% das crianças obesas aos cinco anos permane­cerão obesas. É importante salientar que vários estudos(3-5) corroboram essa alarmante estatística de que a obesidade na infância vem aumentando de forma significativa, gerando complicações para a saúde na infância, adolescência e fase adulta (Tassara et al., 2010).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), medidas efetivas para o controle da obesidade incluem uma abordagem preventiva e de promoção da saúde na infância e adolescência. Mello et al(7) relatam haver uma variedade de intervenções para o tratamento da obesidade infantil, tais como: médica; orientação nutricional; terapia de família, comportamental e cognitiva e farmacológica. Há estudos(8,9) que mostram programas de tratamento da obesidade na in­fância com articulação da intervenção nutricional e atividade física, assim como outros abordam intervenções multidisci­plinares(10,11) envolvendo os aspectos médicos, nutricionais e emocionais (Tassara et al., 2010).

O ambiente familiar compartilhado e a influência dos pais nos padrões de estilo de vida dos filhos, incluindo a escolha dos alimentos, indicam o importante papel da família em relação ao ganho de peso infantil. Na publicação sobre os determinantes do excesso de peso em crianças e adolescentes do National Institutes of Health, a família é considerada como sendo o principal gerador da alimentação adequada para crianças e adolescentes. Ela é, também, o centro das atenções para o desenvolvimento de ações efetivas visando à redução do excesso de peso (Sichieri & Souza, 2008).

De acordo com os dados acima, confirma-se o caráter indispensável das intervenções familiares, incluindo o papel mais ativo e responsabilização pelas atitudes. Com isso, toda a equipe multidisciplinar deve incluí-la no tratamento e motivá-la à também modificar seu estilo de vida, incluindo os hábitos alimentares e atividade física.

Por fim, é importante que as particularidades e dificuldades dessa família também devem ser acolhidas e também tratadas. Essa é uma estraté­gia facilitadora da relação entre a família e os profissionais, na tentativa de não tornar a intervenção uma ameaça à identida­de do grupo familiar. Pelo contrário, procura-se possibilitar o envolvimento e a participação das famílias no processo de mudança. O trabalho não se reduz a cuidar da mudança de hábitos alimentares, já que inclui a vida das pessoas, seus vínculos afetivos familiares e sociais, valores, dores e conflitos. Representa um processo dinâmico e reconstrutivo de um novo estilo de vida familiar.


Referência Bibliográfica:


SICHIERI, R.; SOUZA, R. A.  Estratégias para prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro. Vol. 24. Supl. 02. 2008; Disponível em:  http://www.scielo.br/pdf/csp/v24s2/02.pdf . Acessado em 25  Mar.  2012.  


TASSARA, V.; NORTON, R. C.; MARQUES, W. E. U. Importância do contexto sociofamiliar na abordagem de crianças obesas. Rev. paul. pediatr.,  São Paulo,  v. 28,  n. 3, 2010 .  Disponível em:  http://www.scielo.br/pdf/rpp/v28n3/09.pdf . Acessado em 25  Mar.  2012.


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